Mensagem da semana

Acho a televisão muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala ler um livro - Grouxo Marx.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma biblioteca sem livros

Uma biblioteca sem livros

Por Alexandre Berbe

Com 144 anos de tradição, uma instituição de ensino da região de Boston, EUA, decidiu encerrar as atividades da sua velha biblioteca.
Parece muito radical numa visão conservadora, mas a Cushing Academy está descartando todo o seu acervo com mais de 20 mil livros impressos para dar lugar a uma biblioteca considerada dentro dos padrões do século XXI.
Nas palavras do diretor da instituição, James Tracy, o suporte em que se baseia um livro está defasado e por isso tomou essa decisão com o objetivo fazer um profundo upgrade tecnológico.
No lugar das estantes de livros, o intuito é construir uma biblioteca virtual onde os estudantes poderão utilizar e-books, laptops e telões com projeção de conteúdos da internet. No lugar do balcão de referência, haverá uma pequena cantina e uma máquina de capuccino de US$ 12.000.
Até agora, eu encontrei bibliotecas se esforçando a integrar o “novo” (internet, multimídia e outros trecos tecnológicos modernos) com o “antigo” (livros). Não podemos impedir esse processo de modernização, uma vez que ela traz uma série de incentivos à aprendizagem e troca de informações, ampliando as possibilidades de comunicação e difusão do conhecimento.
Alguns podem chamar o Sr. Tracy de louco. Outros podem chamá-lo de visionário.
Eu prefiro um meio termo.

Uma biblioteca com um design mais moderno

As bibliotecas não devem ser encaradas como instituições de acesso ao livro. Sabe esses programas do governo que esperam erradicar todos os problemas de educação com um punhado de livros em cada cidade do país? Pois é, bibliotecas nesse formato não levam a lugar nenhum num mundo onde se fala de Wikipédia, redes sociais, educação colaborativa e internet móvel.
Também não acredito que bibliotecas “hi-tech”, onde livros eletrônicos são a única forma de ler um conto dos Irmãos Grimm ou Machado de Assis, sejam a solução definitiva. Embora a geração atual, e as que virão, domine amplamente as ferramentas do ciberespaço, há boas razões para manter algumas estantes de livros à disposição do público. Provavelmente a principal razão é o prazer de ler, tocar e sentir um livro. Ler uma obra do seu autor favorito numa tela gélida não tem o mesmo gosto. Não há nenhuma tecnologia que esteja próxima de substituir essa sensação.
Particularmente, ainda gosto de folhear livros, revistas e jornais. :-)
Textos acadêmicos e técnicos são mais aceitos dentro dessa adaptação tecnológica. Revistas científicas são distribuídas eletronicamente, pela internet, reduzindo custos e aumentando o acesso aos seus artigos. É bom para editores, é prático para pesquisadores.
E já viu como as empresas estão deixando de oferecer versões impressas dos manuais dos seus produtos? Materiais desse tipo cabem muito bem numa tela de computador.
Mais do que oferecer milhares de títulos de livros ou recursos tecnológicos de última geração, as bibliotecas devem ser centros de convivência e pontos de encontro de uma cidade, comunidade ou instituição. Já publiquei nesse blog diversos exemplos de espaços atraentes e funcionais, como a Seattle Public Library e outras. Com certeza, os recursos da maioria são insuficientes para projetos tão avançados, mas é possível fazer grandes transformações priorizando duas coisas: pessoas (suas necessidades e seu perfil) e informação (acesso e uso).

2 comentários:

  1. essa visão dele e bem interessante, mas acho q um livro nao pode ser substituido de forma alguma e que a tecnologia venha mas para completar a acessibilidade e interação com os usuarios de bilbiotecas, e para uma maior difusão da propria

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  2. Interessante e polêmico esse assunto...
    Será que as bibliotecas físicas com livros irão desaparecer algum dia...? O que provavelmente não acontecerá.
    Mas concordo com a interação que acontece ou deveria acontecer entre as bibliotecas e a tecnologia, tendo em vista que a novidades tecnológicas surgem para facilitar a disseminação de informação, nada mais viável que andarem juntas.
    Um exemplo aqui em nosso Estado é a Biblioteca Virtual do Amazonas, que dispõem de acervos digitalizados de diversas bibliotecas, dentre as quais podemos destacar a Bilioteca Pública do Amazonas, que inclusive está com seu espaço físico em reforma, mas que no meio virtual podemos ter acesso a suas obras...

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